Carlos Andrade
pele da minha pele
pele da minha pele
É uma reflexão sobre a minha relação com o mármore na minha pratica artística, da forma como e se apropriou do meu organismo, da mente, e me transformou, mutilou e me aprisiona. Com o passar dos anos a minha pele confunde-se com a sua epiderme criando uma nova fronteira tao efémera como a minha. A pedra representa-se e confunde-se na sua fragilidade com a condição humana. Com o tempo a epiderme cristaliza-se na minha, e entranha-se criando novos limites e fronteiras difíceis de ultrapassar.
No inicio é sempre a matéria, depois uma lenta e paciente luta com o limite do material. Por vezes a ansiedade leva ao erro. A materialidade é também essência, o objeto é conceito. A pele é a fronteira do corpo no espaço e no tempo, Mas também é um muro que nos separa do universo, onde a memória é como o pó do mármore, leve de uma leveza insustentável.
Painel A / B / C
s/título, 8 peças com 23x23 cm (cada), mármore de Estremoz, 2017
Panel A / B / C
untitled, 8 pieces with 25x25 cm (each), Estremoz marble, 2017
Painel total - 24 peças com 23x23 cm, 2017
Total panel, 24 pieces with 23x23 cm, 2017
“Tua pele “ Fronteira de Ti
Como se a sombra lavrasse a leveza profunda do vento, no ventre da pele, no movimento perpétuo e algumas fronteiras planetárias, na água deslizando no choro do mármore.
Nessa pele de abismo na rotação interna da terra, com suas raízes,
Tentando.
Tocar no sol, na procura das lavas dos casulos plenos dos magmas.
Mármore tocado muito ao de leve, como se fossem asas transparentes das borboletas efémeras.
E que a dança da pele, beije o outro lado da lua, em movimento de violino tocado pelas mãos do escultor tentando chegar a uma outra profundidade.
Como se essa epiderme parasse, o tempo criativo do branco, tateado pelo pó, antes do destino da seiva brotada, pele liberta no chamamento, para lá da invisibilidade do sopro, onde tudo começou através das pegadas dos sonhos libertos.
Como a fragilidade de uma brisa calma tateada ao de leve, pelas mãos do nascituro, acariciando a placenta de véu aveludado onde vem o segredo da vida.
Na memória inalterável.
(Entre a lonjura dos afetos aqui próxima)
Eduardo Nascimento